Desperdício no Paraíso
Série de reportagens mostra como o Brasil torra recursos com embaixadas no paraíso
Caribe. Um exemplo da falta de zelo com o dinheiro público é o que mostra na série intitulada “Desperdício no Paraíso”, publicada pelo jornal O TEMPO durante uma semana. As reportagens mostram a criação, por parte do governo federal, de embaixadas em pequenas e paradisíacas ilhas do Caribe, que não recebem turistas brasileiros, não possuem relações comerciais e nem mesmo possuem alguma identidade cultural com o Brasil. São países colonizados por ingleses e que, mesmo após a recente independência, mantêm tradições e costumes britânicos.
Além de desnecessária, como mostra a primeira reportagem da série, a manutenção dessas representações diplomáticas é cara. Somente o salário médio de um embaixador que presta serviço no exterior é de R$ 37 mil, considerando a soma dos vencimentos e das verbas indenizatórias. Eles ganham mais do que o teto em vigor no país, que é de R$ 28.059,29. Além dos altos salários, os embaixadores ainda têm direito a moradia, carro e empregados domésticos custeados pelos orçamentos de suas embaixadas. No caso do Caribe, o orçamento anual das embaixadas vai de US$ 300 mil a US$ 480 mil – os valores não incluem a remuneração de embaixador e de outros diplomatas, que é paga por meio do orçamento do Ministério das Relações Exteriores.
Na segunda reportagem é retratada a política externa do governo federal, do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o momento, que prioriza a criação de embaixadas em paraísos caribenhos em detrimento do fortalecimento das relações com outras nações que, do ponto vista da economia mundial, são mais relevantes.
Desperdício no Paraíso
Lula deu prioridade ao Caribe e à África
Caribe.O questionamento sobre a manutenção de embaixadas brasileiras nas ilhas Barbados, Granada, Santa Lúcia, São Cristóvão e Névis e Trinidad e Tobago se revela pertinente ao se observar que outros países, de porte semelhante ao das nações caribenhas e com relações comerciais mais intensas com o Brasil, possuem apenas um escritório de representação comercial. A ideia de expandir a política externa brasileira ao Caribe e principalmente à África ganhou corpo nos dois mandatos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando 40 embaixadas foram abertas. A consequência disso foi a não priorização de outras áreas importantes do ponto de vista econômico.
Esse é o caso, por exemplo, de Taiwan, que, em 2012, importou do Brasil US$ 2,34 bilhões (0,97% de todas as exportações brasileiras) e exportou US$ 3,16 bilhões (1,42% do total de importações). O valor total do comércio exterior entre os dois países foi de US$ 5,51 bilhões – mais do que o dobro dos negócios entre o Brasil e as cinco ilhotas caribenhas, que somaram US$ 2,49 bilhões.
Conhecido por ser um dos quatro Tigres Asiáticos, Taiwan é a 26ª maior economia do mundo, e sua indústria de tecnologia desempenha um papel-chave na economia global. Mas a ilha conta com apenas um escritório comercial do Brasil. Por lá, segundo estimativas publicadas pela Subsecretaria Geral das Comunidades Brasileiras no Exterior (SGEB), do Ministério das Relações Exteriores, vivem cerca de mil brasileiros – número seis vezes maior que o da população brasileira que vive nas cinco ilhas caribenhas visitadas pela reportagem de O TEMPO. Segundo informações das próprias embaixadas, moram naquelas ilhas cerca de 160 cidadãos do Brasil
Orçamento do Itamaraty cresce 755% em 11 anos
Outro fator que comprova como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agiu em prol de expandir a presença brasileira em solo estrangeiro – principalmente em territórios pouco explorados como a África e o Caribe – é o crescimento dos gastos do Itamaraty ao longo dos últimos 11 anos.
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